Por: André Luiz Villela Andrade.
3a Fase - Educação Física UnC Porto União
O fenômeno esportivo para Bracht (1992) pode ser compreendido a partir de dois conceitos: amplo e restrito.Contemporaneamente a Educação Física é vista por meio de um conceito restrito, pois se refere apenas ao esporte e tem como conteúdos materializados de estudo o treino, a competição, o atleta e o rendimento esportivo. Ainda, colocada como esporte-espetáculo pelos meios de comunicação, acelera o processo de transformação do esporte como um espetáculo que revebera em mercadoria.
Um conceito amplo do esporte não seria o andar de bicicleta, caminhar, fazer ginástica, dançar, as brincadeiras os jogos infantis, etc.. Como cultura do movimento ou até como atividade lúdica?
Habermas(1981) define o mundo vivido como o horizonte de possibilidades das pessoas em busca de entendimento no mundo social, objetivo ou subjetivo. Então, o saber que possuímos para toda e qualquer espécie de entendimento nas relações sociais, culturais e esportivas, e que não se encontra a todo instante de forma consciente, mais fica as nossas costas como um plano de fundo histórico, constitui o “mundo vivido”.
Mundo vivido e sistemas coexistem em nossa sociedade e a separação atende apenas o caráter de analise, embora Habermas destaque que o mundo vivido esteja gradativamente sendo “colonizado pelos sistemas a busca de entendimentos racionais com valores e interesses para a sociedade de consumo no sentido econômico e material".
O mundo de movimento é caracterizado com interesse no resultado ou na produção de movimentos eficazes em determinadas tarefas (sistema) e o se-movimentar como uma relação especial de homem-mundo, do correr saltar ou nadar.
Para a realidade pedagógica do movimento é preciso que o se-movimentar se configure como relação de experiência sócia cultural com o meio circundante de forma relevante e enriquecedora para o desenvolvimento do ser humano.
Todas as formas deste se-movimentar devem ser estudadas, tanto no campo dos esportes sistematizados como no mundo vivido, que não abrange o sistema esportivo, e sim o contexto onde vive família, trabalho, etc...
A encenação utilizando o termo emprestado do teatro enquadra-se bem no mundo do esporte, com papeis pré-determinados, regras a serem seguidas ações rigidamente estabelecidas... As encenações do esporte ocorrem sempre em três planos a do trabalho, o de interações e o da linguagem.
1) Interação pela participação de pessoas que se concentram sobre um mesmo tema (o esporte que praticam).
2) O plano de trabalho pela utilização de um espaço físico e material predeterminado e por um programa preestabelecido e de ensaios periódicos.
3) A linguagem além de constituir o elo permite que elas aconteçam em nível racional de entendimento e atendam a interesses da educação e ao desenvolvimento de todos os alunos.
Considera-se uma irresponsabilidade pedagógica que pelo ensino escolar se fomente do aluno vivencias de insucesso ou fracasso.
O desenvolvimento científico e tecnológico das modernas sociedades industriais tem avançado muito na encenação do esporte do mundo de hoje em termos de rendimento e em condições locais e materiais para a sua prática, a não ser em escolas públicas perece que nenhum destes avanços chegou.
O espaço para mudanças práticas está em aberto, sendo orientado para finalidades mais pedagógicas, educacionais e menos esporte de rendimento, não sujeitando os alunos a uma série de medidas organizacionais de controle e trabalho tão intenso, renunciando a uma vida social normal.
Quanto ao conceito de educação, dois fatores são pré-condições:
O fator biológico e o fator social. As crianças não nascem para o mundo como indivíduos psicossocial e corporalmente maduros, elas devem se desenvolver. E no social esse desenvolvimento infantil transcorre numa sociedade de adultos.
Assim não só a escola se configura numa organização social onde encenações pedagógicas do esporte acontecem, mas também a família, os parques e as áreas de lazer.
Para uma proposta crítico-emancipatória é necessário ter uma reflexão critica sobre todas as formas de encenação esportiva.
Para se tirar a Educação Física da crise e da miséria em que se encontra deve-se estruturá-la, aprofundá-la teoricamente nas perspectivas práticas de problematização, encenação e transformação didático pedagógica dos esportes e não apenas num saber-fazer , mas também no saber pensar e saber sentir.